domingo, 26 de setembro de 2010

A Liberdade na Solidão...


Houve um tempo em que todos os dias eram iguais. Como um caminho conhecido, onde eu podia fechar os olhos, e mesmo assim não me perderia. Onde tudo em mim esperava. O dia certo da semana. A época do mês e do ano. Meus sonhos eram todos protocolados. Passaram a se chamar objetivos, e eram calmamente atingidos, um a um, na ordem certa. Até meu pensar era condicionado. Minha liberdade consistia em uma ampla prisão de grades invisíveis. Houve um tempo em que a segurança me sufocava. Em que olhei para meus dias perfeitos e tive vontade de chorar. Tive vontade de trocá-los por qualquer coisa mais dolorosa e mais solitária. Tanta certeza me enchia de dúvidas. E as dúvidas me faziam mal porque eu estava perdendo a coragem de ir atrás das respostas. E tive medo de nunca mais lembrar o que eu desejava ser. De morrer assim, tendo sido tão pouco. Tendo vivido de maneira tão confortável.

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