sábado, 27 de novembro de 2010

A minha verdade.

Você quer saber minha verdade? a verdade é que sempre fui muito sozinha, e meu vazio sempre foi tão grande que parece não existir pessoa ou sentimento capaz de preenchê-lo. Sinto saudade do que nunca tive. Espero o que nunca terei. Descarto o que posso ter. Sempre precisei ser forte, e precisei dar certo. Nunca ninguém duvidou de que eu seria capaz, ou de que eu me reergueria. Mas eu sou tão sensível, e tão frágil, e nunca ninguém enxergou isso. Nunca me deixaram pedir ajuda. Nunca sentiram pena de mim. Para minhas lágrimas, sempre havia um "isso vai passar". Estou cansada! De impulsionar os outros e a mim mesma. De que acreditem em mim. De dizer aos outros e a mim mesma que vai dar certo. Estou cansada de tanto sorrir por fora e tanto doer por dentro. Quem olha para mim, não enxerga a minha solidão, o meu medo, a minha tristeza, o meu vazio, a minha angústia abstrata de ser amada. De ser carregada no colo. De que finalmente, alguém cuide de mim.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quase um Sim...

Estava com o casamento marcado. Vestido nas provas finais, convites entregues. Naquela tarde ensolarada, caminhava distraída, quando ele estacionou ao seu lado. Entra agora, ou eu faço um escândalo aqui mesmo – ele ameaçou. Calmamente, ela entrou no carro e ele dirigiu em silêncio até onde não houvesse nenhuma testemunha. O clima não era tenso. Pararam no meio de uma plantação de trigo, a alguns quilômetros da cidade. “Preciso de um sim, um consentimento, um sinal, um silêncio. Meia palavra tua e mudaremos tudo em nossas vidas”. Não. Não posso – foi o que ela conseguiu dizer. Dias se passaram. Do altar, ela imaginava aquela enorme porta de madeira se abrindo e ele chegando em seu cavalo branco para lhe salvar de suas próprias escolhas. Será que ele entendeu que meu não era um sim? – pensou ela. O tempo passava e a porta não se abria. Veio a pergunta esperada. Sim - a única resposta que parecia possível. Será que ele sabe que meu sim é um não? – pensou ela.

Descanso.

Me sinto bem nesse lugar. Quero ficar aqui. Esse lugar é a trégua. Onde antes de entrar, tirei minhas roupas. Vesti o branco imaginário mais puro que encontrei. Larguei minhas armas. Mostrei minha alma. E palavras reais foram pronunciadas por meus lábios como poesia. E elas ocuparam todo o vazio que havia. Fora e dentro de mim.

domingo, 14 de novembro de 2010

Para o único homem que um dia eu amei...


Antes de dormir, muito mais cedo do que agora durmo, eu pensarei nele, enquanto mexo em meus cabelos brancos. Estarei com o celular na mesa de cabeceira feita de livros velhos e empoeirados, esperando uma mensagem ou uma ligação. Sentada na cama, estarei escrevendo um email de bom dia para o único homem que amei em toda a minha vida. Imaginarei seu sorriso - o mesmo que conheci um dia - ao ler na manhã seguinte minhas palavras catalépticas. Continuaremos trocando juras de amor? Continuaremos culpando a vida e o destino pelos nossos desencontros? É, talvez nunca seja a hora certa para nós dois. Em uma outra vida, talvez ele me diga. E eu, talvez acredite. Não mais faremos planos absurdamente perfeitos, pois não teremos força nem tempo suficientes para concretizá-los. Mas mesmo assim, eu serei feliz por saber que ele ainda me lê, mesmo sabendo que ele não mais existe –ficaria feliz se soube-se que ele ainda existe mesmo que fosse meio torto, meio louco, meio triste e meio só - em alguma parte do globo. E existirão muitas manhãs, muitos invernos e muitas sextas-feiras em que me lembrarei dele. E sua presença invisível não será mais um fantasma, e sim um anjo, que sempre me lembrará das palavras que me foram ditas há muitos anos atrás... "Vamos juntos, eu e você... Minha mão te apoiará para sempre enquanto tu caminhares à beira dos desfiladeiros... Meus braços te erguerão e te colocarão em meu colo... Porque se eu estiver contigo, nada mais me importa... E eu te espero o tempo que for". E eu continuarei a acreditar nessas palavras, pois amar este homem foi o sentimento mais parecido com fé que experimentei. E em meus últimos dias, segurarei com minhas mãos brancas e enrugadas a folha de papel com o email mais importante que ele me escreveu. Que eu lia cinco, dez, vinte vezes ao dia para ter forças, quando a minha vida estava em ruínas. Suas palavras salvaram a minha vida. Ele salvou a minha vida. E ao lembrar de tudo o que aconteceu, meus olhos de areia então não mais movediça, e sim solidificada pelo tempo, derramarão lágrimas indolores. De uma saudade curada pela falta de remédio e de um amor conformadamente eternizado no invisível do Universo. Mas em alguma manhã, ele não mais encontrará meu email de bom dia. Ou eu não receberei a resposta do último que enviei. Então, de nossa história de amor, restará apenas o livro que ele me pediu tanto para escrever. E que eu levei quase uma vida inteira para compor, porque eu tinha medo de chegar às suas últimas páginas.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Por que tenho que crescer??

Crescer? Se for para perder o brilho do olhar e a espontaneidade do sorriso. Se for para disfarçar alegria e tristeza, e assumir uma face inexpressiva. Se for para ter medo de me equilibrar nos muros e mergulhar em rios desconhecidos. Se o frio for capaz de impedir que eu suba no telhado para esperar uma estrela cadente passar. Se eu não tiver mais pedidos para fazer a ela. Se eu andar devagar em cima dos meus saltos altos, quando a minha vontade é correr descalça. Se o medo do desconhecido me impedir que eu tente. Se as surpresas da vida me irritarem por me pegar desprevenida. Se eu me prevenir demais para evitar o sofrimento. Se eu duvidar de tudo porque um dia já fui enganada. Se eu não for mais capaz de deixar as lágrimas rolarem em meu rosto. Se minhas gargalhadas tiverem hora marcada. Se eu achar que o meio-termo me fará uma pessoa mais inteira. Se eu deixar tudo para amanhã. Se for preciso muito mais do que o invisível para que eu seja feliz. Se for assim, não quero crescer.  Ou talvez um pouco. Só o suficiente. Amadurecer demais faz mal.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É só me chamar, que eu irei...




Tá. Entendi. Que nossa história vai ser assim mesmo. Encontros e desencontros. Ajustes e desajustes. Você me odiando, e eu te amando. E vice-versa. Dependendo do dia da semana. Das palavras ditas e daquelas não ditas. Momentos de calmaria seguidos de tempestades. Beijos e mordidas. Sorrisos e lágrimas. Entendi. Que nossa história vai durar muito tempo. Que cada final vai ser um recomeço. Porque há uma eternidade em cada segundo nosso. Porque há vida. Porque há amor. O amor de verdade. Aquele que confunde. Que busca. Que transgride. Que ensina. Tá, entendi. Que não podemos ficar um sem o outro. Que somos opostos necessários. Na busca inútil e maravilhosa por um equilíbrio.

Arcoverde




Estou indo para onde o tempo passa mais devagar. Mas quando chego, ele voa, e logo já está na hora de voltar. Estou indo para um lugar redescoberto por meus olhos a cada chegada, e banhado por minhas lágrimas a cada partida. Lá as lembranças confundem-se com o vento e com os cheiros: impregnam-se em mim. Estou indo para onde sempre serei eu mesma, e sempre serei outra. Estou indo para onde sempre será o meu lar.

Como eu queria

Hoje eu queria pensar em coisas alegres e comuns. Em dias amenos de primavera, na leveza de pensamentos aleatórios, em gostos e cheiros da minha infância. Hoje eu queria acreditar mais em mim mesma do que nos outros. Hoje eu queria me perdoar, e me livrar desse peso invisível e injustificável que venho carregando. Hoje eu merecia um presente, um descanso, um alívio. Hoje eu precisava mais do que nunca de um amor incondicional, de consolo e de um colo protetor, como se eu fosse uma criança que se machucou por fazer o que não devia. Hoje eu precisava de um olhar de aprovação, me dizendo "não foi nada". Hoje eu queria um abraço muito longo e muito forte, e uma certeza. De que tudo vai ficar bem. De que um dia finalmente poderei dormir leve e acordar sem medo. 

Dar tempo ao tempo!

Já escrevi mais, já questionei mais, já tive sede por mudanças, já tive muita pressa. Agora quero ler, quero encontrar algumas respostas prontas - nem que seja para duvidar delas -  mas mais ainda, quero ser questionada. Tantas coisas em minha vida e em mim mesma vêm mudando, que agora preciso sentir esse novo acomodar-se. Preciso observar, quieta e imparcial. Preciso me dar ao luxo de caminhar devagar. Preciso de alguns poucos dias iguais. Para neles descansar.

Escrevo...

Acho muito estranho pedir a quem escreve explicações sobre aquilo que escreveu. "O que você quis dizer com isso?" Para você não deveria importar o que eu quis dizer, e sim a sua interpretação, o que você entendeu - tenho vontade de responder. Só consigo escrever se pensar - a princípio - que ninguém irá me ler. É no meu caos particular, na desordem de meus sentimentos e no processo de entender, que as palavras conseguem abandonar minha alma, e escorrer livremente para fora de mim. Sem explicações, sem atender a exigências, sem a necessidade de compreensão.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Amor à Primeira Vista!?

Eu nunca tinha visto olhos como os dele. Olhos que me desarmam, olhos em que me vejo. Olhos que me falam e me lêem.  Tanta transparência me deixa envergonhada. Aqueles olhos me obrigam a falar a verdade. Me viram do avesso sem que eu perceba. Transbordam sonhos, esperanças. Derramam as lágrimas mais puras que já vi. Faiscam sentimentos. Olhos que travam um diálogo consigo mesmo. "Tenho medo, mas vou tentar. Já fui enganado, mas sigo confiando. Faço dar certo. Volto atrás. Me recuso a perder. Não sei o caminho, mas sei que vou chegar." Eu poderia passar todos os dias de minha vida perdida naquele olhar.  Aqueles olhos encerram em si a tempestade e a calmaria que procuro. E eu não precisaria de nada além deles para me apaixonar.  E eu não preciso de nada além deles para acreditar de novo no amor.
E então, eu diria que o amo. E esse eu te amo seria inevitável, simples e puro, como se eu recém tivesse descoberto o que isso significa.

Por que tento destruir as coisas que mim faz feliz?

Para não sermos pegos de surpresa. Por teimosia. Para manter a superioridade, e o controle. Inútil, eu sei. Mas tudo parece ser inútil nessa vida. Dor causada por mim mesma sempre vai doer menos do que a dor que tu me causas. Tento destruir agora por medo. De que o fim chegue quando me sinto ainda mais feliz. Que o fim destrua mais do que a felicidade que julgo sentir. Que o fim destrua parte de mim mesma. Decido perder enquanto ainda posso somente sofrer, enquanto sei que ainda posso me regenerar.